Expressar o esporte como arte e transforma-lo em legado para a sociedade, esse é um dos objetivos do artista plástico, Sullivan Gonçalves. Uma iniciativa que “ganha vida” em Mato Grosso do Sul com a implementação do Legado Operariano que tem como intuito resgatar a grandiosa história do Operário Futebol Clube.
Sullivan Gonçalves Oliveira é um renomado artista plástico dos esportes, nascido em Assis-SP, mas, criado na capital paulista. O interesse pela arte começou na escola, quando costumava ficar desenhando no fundo da classe durante as aulas. “A raiz da pintura começou a ser identificada quando eu estudava em São Paulo. Quem detectou a minha linha de desenho foi uma professora. Ela falou, ‘pô o moleque pinta, fica lá no fundo desenhando’. E eu sempre fui da galera do fundão, que é quem faz a correria do mundo. O cara que fica lá no fundo (da sala) é o que é comunicativo, é o quem tem engajamento, é o cara que vai desengatilhar o sistema e vai potencializar as grandes ideias. E aí relativamente, os caras fazendo estudo dos desenhos em São Paulo com as psicólogas disseram ‘ah deixa o moleque pintar’”, lembra Sullivan.
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Apaixonado por esportes, Sullivan Gonçalves começou a dar os primeiros passos na produção artística, ainda jovem, com o incentivo da família. “Fui criado em São Paulo por um tio, Alfredo José Basílio que me adotou junto com a minha tia Iraci Alves Basílio. Ele foi o sócio mais antigo da ACM, a Associação Cristã de Moços, e era um cara inspirador. E ele me falava, ‘um dia você vai conhecer a história do Pelé, do Pepe, Mengálvio, Coutinho’. Um dia, eu estava do lado dos caras e me veio o gatilho lá de atrás. Pô meu pai me falava isso cara e hoje eu estou aqui com os caras” exalta Sullivan.
Confira o Papo Sem Retranca completo com Sullivan Gonçalves:
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Com o “DNA artístico circulando em suas veias”, Sullivan Gonçalves se transformou em um profissional renomado na sua área de atuação. Dentre os mais diversificados trabalhos espalhados em museus esportivos do Brasil e no mundo, o artista destaca-se pelo recolhimento de marcas que imortalizam atletas das mais variadas modalidades. Grandes craques já deixaram suas pegadas em um molde especial feito de massa e vidro com catalizador de alginato, dentre eles, o maior jogador de futebol de todos os tempos, o Rei Pelé.
Fazer com que a nova geração entenda a importância de lembrar o passado construído por grandes nomes do universo esportivo, é um desejo traçado pelas mãos de um artista, que se inspira nas trajetórias de ídolos, para contar suas histórias por meio da arte. Resgatar a memória com a criação de novos museus é uma concepção que expande a arte para além do esporte em si, como explica Sullivan que faz um apelo aos dirigentes.
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“Os diretores hoje deviam seguir o que o Operário está fazendo e criar os seus memoriais. Para chegar para uma criança de Corumbá e falar, vem cá, vem conhecer a história de um time da nossa cidade, chamar a gurizada de Dourados, do Sete, do Ubiratan. A primeira cidade que eu fui morar (Dourados), quando você chega é carinho e eu falo, eu torço para vocês terem um memorial (do Ubiratan), para você levar o vovô, a vovó, o titio, a titia para assistir jogo, assistir o que vocês viveram. No Santos, dia de jogo, o memorial fecha uma hora antes, durante o dia, o turismo está bombando dentro da Vila”, lamenta Sullivan.
Sob a ótica da arte vinculada ao esporte, Sullivan ultrapassou os limites de seu estado, quando aos 23 anos de idade decidiu morar em Campo Grande-MS. Na capital morena, o artista conheceu o futebol local e logo descobriu um time para torcer. O Operário ganhou seu coração e Sullivan recorda dos momentos em que foi o legítimo Galo da Bandeirantes na beira do gramado.
“O Operário é um amor incondicional que eu ganhei do Silvão. O Silvio meu irmão, me levou a conhecer o Operário. Chegou na minha casa lá no Caiçara, falou que ia fazer uma bandeira e eu sempre convivi com futebol em São Paulo, eu falei, irmão quero conhecer. À primeira vista (o amor pelo) Operário, foi fantástico e eu amo essa passagem. O mascote ele tem uma simbologia. Ele pode manifestar o amor e, no momento de tristeza, que o seu placar está adverso, você não pode se manifestar. Tem que ficar lá dentro em silêncio, absorver e torcer. Ficar pedindo para os Deuses da Bola reverter aquela situação. Mas eu só tive alegria com aquilo lá (a fantasia) e vai voltar esse ano (2024)” comemora Sullivan.
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Com uma vasta experiência profissional adquirida com os seus 47 anos de vida, Sullivan é integrante do Museu da Pelada e se auto denomina um “caçador de marcas de atletas” pois busca valorizar a grandeza de personagens marcantes. Foi com esse pensamento foi criada calçada da fama do Operário Futebol Clube. O Presidente da equipe Master do Operário, Marcílio Dias, foi um dos responsáveis pela ação e agradeceu a homenagem prestada aos ídolos do Operário em um depoimento feito para o Museu da Pelada, no início do ano. “Estamos aqui com toda essa gama de ídolos que veio aqui para deixar sua marca, seu registro, seu passado e o seu legado para a eternidade. Que todos sejam motivados e construam o museu de vocês, para que assim todos possam ser eternizados no futebol para sempre”, agradeceu, Marcílio.
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Sullivan Gonçalves é historiador colaborativo do Legado Operariano que tem foco em materializar um ambiente de empatia, inclusão, convivência e diálogo com todos os públicos, potencializando como referência e a cultura de respeito à diversidade cultural, em acessibilidade e na musealização do futebol em suas múltiplas expressões. “A gente quer edificar a estrutura universal inteira do Operário. Como todos os grandes clubes que pensam em edificar há proporção de todos os seres humanos que fazem parte da entidade operariana, como outros clubes. Na realidade já tem a potência de saber entregar no futuro, para as futuras gerações, quem foram as verdadeiras pessoas que fizeram a história chegar até ali. E isso fomenta a cultura de respeito” afirma Sullivan.
O artista plástico pede apoio das autoridades públicas e privadas aos clubes do estado e torce para que outras instituições esportivas do MS tenham forças para abraçar a causa. Criar novos espaços colaborativos de preservação da história, principalmente do futebol do sul-mato-grossense é fundamental para fomentar a cultura esportiva em Mato Grosso do Sul.
“A gente tem que ecoar a nossa cultura e quando a gente põe a cultura do Operário a gente não tem como não contar a história do Comercial, do Sete, do CENE. Quando você conta no museu toda essa dinastia de grandeza do Operário, você está trazendo também os outros clubes. Imagina o Morenão sendo edificado com o Hall da Fama, de um grande museu com todos os clubes do estado? Imagina você levar itens como camisas do Operário, do CENE, do Comercial, do pessoal de Dourados, Três Lagoas, do Corumbaense, chuteira, histórias, fotos para as comunidades carentes? Elevando a energia museológica como uma linha de conhecimento, fazendo com que um pedaço do museu vá a todos.”, comenta Sullivan.
O movimento Legado Operariano também promove a restauração da galeria de troféus do Galo, uma atitude nobre que partiu da torcida e que vai valorizar as conquistas do maior campeão do estado. O hall da fama operariano está sendo pioneiro, ao reservar um espaço para homenagear as jogadoras de futebol e futsal do clube. Resultado que torna o Operário Futebol Clube, como o primeiro clube do mundo, a criar um memorial dedicado ao futebol feminino.
“Grandes clubes do mundo executam a perpetuação da captação das marcas dos atletas homens e grandes mulheres. A gente tem que valorizar todo mundo que está no futebol feminino do Operário que há três anos e vem fazendo os olhos e as mentes dos operarianos brilharem, porque essas meninas estão levando tudo. Empresário apoie o futebol feminino da sua cidade, porque é de todo o nosso carinho que elas sejam abraçadas”, finaliza Sullivan.