Nessa semana o mundo se despediu do maior jogador de todos os tempos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, morreu na última quinta-feira (29) aos 82 anos no Hospital Albert Einstein em São Paulo, onde estava internado desde agosto desse ano, após ser diagnosticado com um câncer de cólon. O ex-jogador acabou falecendo em decorrência da progressão da doença, por falência múltiplas dos órgãos. O último técnico do Rei Pelé em uma partida de futebol, Paulo Roberto Falcão, tem uma frase marcante que diz que “o jogador de futebol morre duas vezes, a primeira é quando para de jogar”. O ex-treinador e atleta que ficou conhecido como o “Rei de Roma”, comandou a beira do gramado, a última vez que Pelé entrou em campo, em uma partida amistosa, que celebrou os 50 anos de idade do Rei Pelé, 14 anos após a sua despedida oficial, em 1º de outubro de 1977.
Na última despedida dentro de campo, a majestade real vestiu a camisa do Brasil e atuou por 42 minutos no jogo contra a seleção de craques do “Resto do Mundo”. Pelé deixaria o gramado do estádio Giuseppe Meazza, o San Siro, em Milão, na Itália aplaudido de pé por todos os torcedores presentes. Neto não somente teria a honra de entrar no lugar do maior camisa 10 da história, como marcou o gol de honra na derrota da Seleção Brasileira por 2 a 1. Se segundo Falcão disse que o jogador “morre” quando pendura as chuteiras, Pelé, que atuou apenas por 2 clubes, teve inúmeras despedidas, sendo a última delas no New York Cosmos nos Estados Unidos.
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O Comercial enfrentou o Santos de Pelé nos anos 60
Edson Arantes do Nascimento, ainda era um bebê de apenas 2 anos, quando no município de Campo Grande (que ainda pertencia ao Mato Grosso) era fundado o Esporte Clube Comercial, na data de em 15 de março de 1943, por comerciantes e estudantes do Colégio Dom Bosco juntamente com o esportista Etheócles Ferreira. Nos primórdios de sua existência, o Colorado já figurava entre os principais times do futebol amador da cidade e em 1965 conquistaria o sétimo título da Liga Campo-Grandense de Futebol (1948, 1951, 1956, 1957, 1959, 1964, 1965).
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Em maio daquele ano, o Comercial fez um amistoso de luxo contra o Santos com a presença ilustre de Pelé. O camisa 10 do Alvinegro Praiano, já era um jogador consagrado, Bicampeão da Libertadores e do Mundial com o Santos (1962 e 1963) e Bicampeão da Copa do Mundo com o Brasil (1958 e 1962), além de uma vasta galeria de títulos conquistados como o Campeonato Paulista (em 1958, 60, 61, 62, 64, 65), o Torneio Rio-São Paulo (em 1959, 63, 64) e a Taça Brasil (1961, 62, 63, 64 e 65) durante aquele período. Mesmo se tratando de um jogo amistoso, o Peixe não tomou conhecimento do Lobo Guará e com um espetáculo de sua majestade real goleou o oponente por 4 a 1 com 3 gols de Pelé, em partida realizada no saudoso estádio, que hoje é uma praça esportiva, Belmar Fidalgo no centro da cidade.
Revanche em 1973
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No final de 1972, o Comercial se profissionalizou para participar da Seletiva do Campeonato Brasileiro. Logo na primeira participação como equipe profissional, o Comercial venceu o torneio enfrentando oponentes de todo o estado e se tornou o primeiro clube do Mato Grosso a jogar na elite do Brasileirão. Os comercialinos tinham acabado de se profissionalizar e já passaram a integrar o grupo principal do futebol nacional, que naquele tempo, foi disputado entre 40 equipes, sem divisão de séries como acontece atualmente.
A data de 12 de setembro de 1973 ficaria marcada na história do Comercial, o caçula da série A do Campeonato Brasileiro, surpreenderia até a própria imprensa local, com um triunfo sobre o Santos Pelé, no estádio Pedro Pedrossian, o Morenão, pelo placar mínimo, com gol de Gil, feito que é lembrado até hoje pelos comercialinos. Antes da bola rolar, o Rei do Futebol foi homenageado e recebeu da Câmara Municipal o título de cidadão honorário de Campo Grande.
Operário participa do Campeonato Brasileiro de 74
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Antes mesmo do nascimento do Rei Pelé, em 21 de agosto de 1938, foi fundado o Operário Futebol Clube. Já no período profissional, em 1973, o Galo da Bandeirantes conquistou o seu primeiro torneio internacional, a Taça Seleção União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). No ano seguinte, o Operário estreou no Brasileirão e surpreendeu na competição chegando na segunda fase. Os alvinegros terminariam a fase de grupos na sétima posição, na frente de gigantes do futebol nacional como Corinthians e Palmeiras.
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No dia 5 de junho, o Operário enfrentaria o Santos no estádio Morenão na busca pela classificação da chave B que era composta por 20 equipes. Os santistas brigavam pelas primeiras colocações e vinham de um empate contra o São Paulo em um confronto que valia a liderança do grupo. O clássico Sansão, disputado no estádio do Morumbi, terminou empatado em 1 a 1 e Pelé retornou à campo, após um mês fora dos gramados por conta de uma lesão no tornozelo.
Se o Rei precisou jogar o clássico no “sacrifício”, não teve as mesmas condições de jogo para enfrentar o Operário na partida válida pela vigésima primeira rodada da competição nacional. O reencontro de Pelé com o maior estádio universitário do Brasil jamais aconteceu, porque aquela seria a sua última temporada jogando no futebol brasileiro. Sem a presença do Rei, os operarianos fizeram o “dever de casa” e venceram o Alvinegro Praiano pelo placar mínimo com gol de Toninho. O Galo da Capital finalizou a disputa no 17º lugar e conquistou o Campeonato Mato-Grossense pela primeira vez na história no mesmo ano.
Por outro lado chegava ao fim a era de Pelé no Santos e a Vila Belmiro foi o palco escolhido para a despedida do maior de todos os tempos que eternizou a camisa 10 santista. Em 02 de outubro de 1974 o Santos venceu a Ponte Preta por 2 a 0, Pelé não marcou naquele jogo, mas deixou um legado de 18 anos atuando pela agremiação. O Rei foi 11 vezes artilheiro do Campeonato Paulista (9 delas seguidas) e conquistou impressionantes 45 títulos pelo Peixe. Foram 1.116 partidas e 1.091 gols, o mais importante deles aconteceu no estádio do Maracanã, quando marcou o inesquecível milésimo gol da carreira contra o Vasco em 19 de novembro de 1969.
1977 – O auge do futebol campo-grandense e o fim de uma era
Em 1977 o Operário Futebol Clube realizou uma façanha no futebol nacional, quando terminou na terceira posição do Campeonato Brasileiro. Os saudosistas do futebol recordam daquela que foi uma das melhores campanhas de um time do Centro-Oeste do Brasil na série A. O torcedor operariano jamais esqueceu aquele elenco que ficou conhecido por sua torcida como o Esquadrão Operariano formado por Manga, Paulinho, Biluca, Silveira, Édson, Escurinho, Tadeu, Marinho, Roberto César e Everaldo. No mesmo ano, o Galo da Bandeirantes levantou o título de campeão Mato-Grossense pela terceira vez (1974, 1976 e 1977).
Quando Campo Grande levou o estado de Mato Grosso ao topo do futebol brasileiro, chegava ao fim o reinado de Pelé. Foram seis anos que separaram a primeira (com o Brasil) da última despedida de Pelé (com o Cosmos) dos campos, todas com um simbolismo diferente para o jogador.
Em 1971, Pelé o único jogador tricampeão mundial por uma seleção, se despediu precocemente da Seleção Brasileira aos 31 anos em 2 jogos marcantes. No primeiro compromisso em 11 de julho no estádio do Morumbi, 110 mil pessoas presenciaram o último gol do genial e mais completo meia com a camisa “amarelinha” contra a Áustria, em partida que terminou empatada em 1 a 1. A segunda despedida da seleção, foi no estádio do Maracanã contra Iugoslávia que segundo os registros do Jornal O Globo recebeu um público de quase 140 mil pessoas.
Dentre tantas despedidas, a verdadeira e derradeira “morte” de Pelé dentro de campo, segundo a frase aqui citada, foi no New York Cosmos. O Rei do Futebol levou o esporte mais popular do mundo para a terra do tio San e realizou o “sonho americano” para cidadãos norte-americanos que tiveram o privilégio de acompanhar de perto os últimos passos da maior estrela do futebol mundial.
Em números oficiais Pelé marcou 37 gols, deu 30 assistências com a camisa do Cosmos e levou o time nova-iorquino ao título de Campeão da Liga Norte Americana de Futebol (NASL). Contudo no duelo decisivo, o Rei não deixou sua marca e para fechar com chave de ouro a sua carreira brilhante, tratou de marcar um amistoso de despedida contra o Santos em 1º de outubro de 1977. O Rei do Futebol marcou um gol digno de uma despedida triunfal, em cobrança de falta e garantiu a vitória do Cosmos por 2 a 1 sobre o clube que lhe revelou para o mundo.
Último ato de um Rei
Edson Arantes do Nascimento, morreu aos 82 anos vítima de câncer de cólon. Percebendo a gravidade de seu estado de saúde, o Rei fez o seu último pedido em vida e solicitou aos familiares que seu corpo só fosse sepultado após a posse do Presidente da República eleito em 2022, Luís Inácio Lula da Silva. A família anunciou que atenderá ao pedido e o corpo de Pelé seguirá em São Paulo até segunda (2), quando será deslocado até cidade de Santos. No litoral paulista, haverá um velório aberto ao público no estádio Urbano Caldeira, a famosa Vila Belmiro, onde Pelé jogou na maior parte de sua carreira, a partir das 10 da manhã. O caixão ficará no centro do gramado por 24 horas e em seguida o funeral seguirá até o Memorial Necrópole Ecumênica onde o corpo será enterrado. Morre o corpo físico, mas a lenda ficará eternamente viva nas mentes dos amantes do esporte.
Dupla Comerário homenageia Pelé
Os 2 maiores campeões sul-mato-grossenses prestaram homenagens ao ‘Atleta do Século 20’, título concedido à Pelé em 1980 por jornalistas do jornal francês L´Equipe. Nas redes sociais o Operário Futebol Clube lamentou a morte do maior jogador da história.
“Hoje perdemos a maior lenda do esporte que tanto amamos!”, lamentou o Alvinegro em sua página oficial no Instagram.
O Esporte Clube Comercial também fez questão de prestar uma singela homenagem ao Rei do Futebol.
“Edson Arantes do Nascimento, aos 82 anos, se despediu dos amantes do futebol, mas Pelé, sempre estará vivo enquanto houver futebol. O E.C Comercial presta reverências ao Rei. Nossas condolências aos familiares, amigos e a todo o mundo do futebol, que perde vossa majestade!”, declarou o Colorado em sua página oficial.
Com informações: Acervo Santista, Correio do Estado, CNN Brasil, Lance! e Goal.