No último final de semana foi dado o pontapé inicial do Campeonato Sul-Mato-Grossense 2024. No Estádio das Moreninhas, em Campo Grande, o Náutico foi derrotado pelo Costa Rica pelo placar de 3 a 1. No entanto, o que de fato chamou a atenção, foi a postura dos donos da casa, principalmente na primeira etapa, em que o alviverde jogou de igual para igual cotra o atual campeão estadual. A primeira partida da história do Jacaré da Capital na elite, deixou uma impressão positiva de um grupo jovem que vai ganhando a “cara do técnico” Mateus Sabatine na luta pela permanência na série A, dado como o principal objetivo da temporada.
Mateus Atleta do Comercial – MAC
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Mateus Sabatine é um Profissional de Educação Física formado no Centro Universitário da Grande Dourados (Unigram). Natural de Marília-SP, passou a acompanhar futebol por influência do pai, que foi jogador do MAC (Marília Atlético Clube) e logo se apaixonou pelo esporte. “Comecei no MAC e eu sempre gostei de futebol. Meu pai jogava, não jogou em alto rendimento, mas jogou e treinou no MAC. Gostava muito de esporte e a gente foi criando essa paixão, e o futebol está no sangue”, lembra Mateus.
Seguindo os passos do pai, Mateus Sabatine foi em busca de tentar a carreira como jogador profissional e se mudou para o interior de Mato Grosso do Sul antes de retornar ao interior paulista. “Me mudei para o interior de Mato Grosso do Sul, joguei no Mundo Novo, aí joguei o salão lá também, mas foi muito pouco (tempo), na época eu treinei com o Vermelho, jogando ainda como criança, iniciando. Joguei de lateral e ponta, o famoso ponta de lança. Voltei para Marília e ali de verdade, a gente começou. Joguei o sub-15 e tive uma passagem no sub-16 aí vim para Campo Grande”, lembra Mateus.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Confira o Papo Sem Retranca completo com Mateus Sabatine:
Na cidade morena, o ponta de lança foi jogar nas categorias de base do Esporte Clube Comercial e deu o seu “cartão de visitas” logo na chegada a equipe sub-19, saindo do banco de reservas para mudar o rumo de um amistoso disputado em Aquidauana. Apesar de ter tido poucas oportunidades no elenco principal, Mateus trata daquela partida como um momento importante na sua trajetória como atleta.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“No Comercial não joguei em alto rendimento, o futebol era muito difícil. Joguei o júnior e me profissionalizei pelo Comercial através do Mauro Belarmino. Cheguei no Comercial, era um amistoso contra o Aquidauanense, e eu tinha16 anos, me lembro até hoje, o treinador era o Garcia. O jogo acontecendo e o Comercial estava perdendo de 3 a 0. Segundo tempo com 30 minutos, e eu no banco, aí eu falei para o Mauro, ‘pô, você me trouxe aqui para que? Eu quero jogar’. Aí ele foi lá, falou com o treinador e eu acabei com o jogo. Entrei e com 15 minutos e já estava 3 a 3, fiz um gol, cavei um pênalti e dei um passe. Eu já sai dali direto para sala do Presidente, onde eu fiz o meu primeiro contrato profissional por cinco anos”, afirma Mateus.
No Comercial, Mateus teve a chance de treinar ao lado de grandes ídolos que vestiram a camisa comercialina, motivo de orgulho e alegria, até que precisou abrir mão do sonho, por conta de questões financeiras, migrando dos campos de futebol para os campos militares. “Joguei e trenei com Pedrinho Maradona, com Tainha, Ademir, Eli, Adrianinho, Vina, eu era júnior e eles no profissional. Era muito difícil de você ter uma oportunidade no Comercial, não era para qualquer um. No profissional quando eu treinava, era uma sensação de alegria e a gente tinha as inspirações. Gostava muito de ver o Tainha jogar, que era mais o menos a minha característica, era corredor. Ele era diferente, eu vi Pedrinho Maradona jogando, então a gente tinha muito talento aqui. Não consegui ir mais longe, porque o Comercial estava com dificuldade e foi aonde surgiu a oportunidade de ir para o exército”, lembra Mateus.
O retorno ao futebol pelo Comercial
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Mateus Sabatine chegou a conciliar suas atividades militares com os treinamentos no Comercial, antes de optar em seguir a carreira. Após cumprir três anos de contrato com o Colorado, Mateus se dedicou as forças armadas por sete anos, mas nunca deixou de lado a paixão pela bola. No quartel, chegou a jogar pela seleção do exército, antes de receber conhecer a diretoria do Comercial, novamente por meio de Mauro Belarmino e assim retornar para a agremiação que lhe abriu as portas no futebol.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
“Voltei para o Comercial, virei diretor e dentro dessa diretoria, eu montei as escolas do Comercial, trouxe gente para trabalhar e foi uma coisa que era para ter dado muito certo, e eu lutei muito para isso. Mas o Comercial tem uma filosofia que tem que mudar, o profissionalismo ele tem que acontecer e a gente precisa evoluir, tem que se pular etapas e acreditar em coisas maiores. Fui diretor com o Claudio (Barbosa) e com o Marlon (Bland) que me dava apoio nas escolinhas”, afirma Mateus.
Ao decidir voltar ao futebol como diretor do Comercial, Mateus Sabatine resolveu fazer o curso de treinador na Associação de Futebol Argentino (AFA) visando trabalhar na área. A licença Argentina, diferente da brasileira, é reconhecida pela Conmebol, o que permite a atuação profissional em outros continentes. Além disso, outro ponto importante na escolha, era a facilidade de poder ser realizado a distância, o que não diminuiu o enorme desafio para conseguir concluir o curso.
“”Eu estava estudando futebol, queria ser treinador. Nunca pensei em estar em um Série A, queria estar ali para auxiliar a base e nisso eu comecei a fazer a licença AFA. E eu acho que foi uma das maiores dificuldades que eu tive na vida e o maior presente que eu consegui realizar. Foi muito difícil, eu fiz a licença C, B e A foram três anos. É uma faculdade e com muita dificuldade mesmo, porque ali você tem que estudar. Então, eu recomendo pelo conhecimento que você adquire, mas precisa pôr em prática esse conhecimento que é muito bom. Foi a maior conquista minha vida depois da faculdade de Educação Física” ressalta Mateus.
O fim do ciclo no Comercial e nova empreitada no Náutico
As grandes referências de Mateus Sabatine como técnico, são os “comandantes” argentinos e suas metodologias táticas e técnicas. Toda a base do conhecimento adquirido na AFA foi colocada em prática no Comercial, onde permaneceu por seis temporadas, contribuindo com o trabalho de transição de jovens talentos da base para o futebol profissional. Foi também, aonde conheceu o atual Presidente e atleta do Náutico Júlio César.
“Eu estava a três anos na base (do Comercial), inclusive o Júlio (César) já tinha o projeto do Náutico que retornou. Como diretor do Comercial eu o trouxe o Júlio para ser o treinador do sub-20 e eu fiquei no sub-17. Depois o Júlio foi tocar o projeto dele e eu continuei no Comercial. Aí fiquei de auxiliar do Robson (Mattos) fui auxiliar do Vina também no 20. Vim para Copa São Paulo em 2018, onde foi uma das melhores campanhas do Comercial, aquilo foi muito legal tínhamos atletas muito bons, focados e nós fizemos um trabalho bem feito”, exalta Mateus.
O Náutico Futebol Clube se profissionalizou em 2022 para a disputa do Campeonato Sul-Mato-Grossense Série B e para participar da disputa, o Presidente Júlio César contratou Mateus Sabatine para comandar o time. Na campanha, o Alviverde Imponente só não conseguiu o acesso, porque perdeu pontos no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) por conta da escalação irregular de atletas. Mateus se mostrou entusiasta com o conceito do clube que valoriza os talentos locais e recomendou a criação do Náutico Futsal para agregar ao projeto.
“O Náutico vem mostrando um processo de evolução e profissionalismo nas categorias de base, aonde os outros times estão querendo vencer do Náutico, então você acaba elevando o nível do nosso futebol. A gente via muitos meninos do campo jogando futsal por outras equipes e eu falei vamos trazer essa filosofia. E eu acabei que dei o pontapé inicial e começamos a trabalhar nisso, é uma área que eu não conheço muito, não é da minha alçada, mas fui. É um mercado bom e dá para se trabalhar até com algo mais profissional, pelo que está sendo feito com Diego Pael, que jogou o alto rendimento do salão, tem a teoria e a prática. Toda direção, treinamento, metodologia é tudo separado, o campo é uma e o futsal é outra”, lembra Mateus.
Aos 40 anos de idade, Mateus Sabatine trabalha firme e forte na valorização das promessas e revelações do Náutico que no ano passado conseguiu o inédito acesso a elite do Campeonato Estadual. Para reforçar o grupo atletas, o presidente Júlio César foi para dentro do campo, atuando como meio campista. Mateus Sabatine falou sobre a importância de o “dono do time” estar junto ao plantel e como é a relação entre os dois dentro e fora das quatro linhas.
“A gente não tem ego é uma das coisas que eu consegui me dar bem com o Júlio. Não tem essa de quem sabe mais e quem sabe menos. Quem tá no comando e tem toda a liberdade para trabalhar. Ele se comporta como atleta mesmo nos treinamentos, esses meninos foram criados com o Júlio, desde os sete, seis anos. O Júlio dentro de campo ajuda muito com a experiência, nas vezes que precisar dosar mais o jogo, uma movimentação diferente, então é muito válido. O Náutico realmente é uma família, são poucas pessoas trabalhando, mas acreditando muito no projeto, vivendo o dia-a-dia, os pais que ajudam e apoiam o Náutico e isso é bacana, essa união, e é isso que não pode se perder”, lembra Mateus.
A ideia inicial é se manter com “os pés no chão” na busca de permanecer na primeira divisão que é visto como primeiro objetivo para na sequência do certame, com a classificação em mãos, buscar galgar voos maiores. O Náutico está de olho no mercado da bola buscando incrementar novos atletas em posições pontuais que estejam dentro da realidade financeira da agremiação. Mantendo a essência de preservar os “pratas da casa” tendo ainda a base do grupo semifinalista da Série B de 2023, o debutante da Série A já mostrou o seu valor dentro da competição e o próximo desafio será o confronto direto contra a Portuguesa nessa quinta-feira (25) às 20h no Estádio das Moreninhas.