A data de 16 de setembro de 2023 vai ficar marcada para sempre no coração dos amantes do futsal sul-mato-grossense. O Ginásio Poliesportivo Dom Bosco, foi palco de uma vitória histórica da Sociedade Esportiva Recreativa Chapadão/Universidade Católica Dom Bosco (SERC/UCDB) sobre a Associação Desportiva de Futsal do Distrito Federal/Associação do Pessoa da Caixa Econômica Federal (ADEF/APCEF) pelo placar de 3 a 2 em partida válida pela última rodada da Liga Feminina de Futsal (LFF). Mas a verdadeira emoção ficou para o final, quando as atletas da SERC/UCDB souberam da notícia que estavam classificadas, graças a vitória no confronto direto na rodada anterior contra as Leoas da Serra.
A última rodada da primeira fase da LFF envolvendo os confrontos entre Taboão Magnus x Telêmaco Borba; Guibon Foods/Cianorte x Stein; Female/UnoChapecó x Londrina, Barateiro/Havan x São José e principalmente os duelos entre Leoas da Serra e Unidep/Pato Branco e SERC/UCDB x ADEF/APCEF foram eletrizantes e a classificação final só foi decidida nos últimos instantes, com o termino do último jogo. Mesmo após conquistar quatro pontos longe de Campo Grande diante da Unidep/Pato Branco e Leoas da Serra (empate em 2 a 2 e vitória por 4 a 3 respectivamente), as salesianas entraram em quadra não dependendo somente de suas próprias forças para garantir presença no mata-mata.
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Para alcançar a sonhada vaga nas quartas, era necessário vencer o adversário e ainda torcer por pelo menos uma combinação de resultado, em duas das seis partidas que aconteciam simultaneamente na rodada (tropeço do São José diante do Barateiro/Havan ou empate entre Leoas da Serra e Unidep/Pato Branco). Diante do seu torcedor, a SERC/UCDB fez o dever de casa e bateu a ADEF/APCEF por 3 a 2 com gols de Maysa, Thaís Fragoso e Jana para as mandantes e Leti Bittar e Cecys para as visitantes.
No entanto, as jogadoras só puderam de fato comemorar o triunfo após o apito final, quando receberam a notícia do empate entre Unidep/Pato Branco (PR) e Leoas da Serra (SC) em 2 a 2. Com o resultado a SERC/UCDB chegou ao mesmo número de pontos das Leoas, mas como o primeiro critério de desempate era o confronto direto, as sul-mato-grossenses garantiram a classificação para o mata-mata. A fixa Bruninha afirma que o time já estava nos vestiários, conformado com o resultado (da eliminação, naquele momento), quando receberam uma grata surpresa da organização da Liga.
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“Foi ali nos últimos minutos que a gente ficou sabendo, porque até então, quando acabou ficamos muito focadas no jogo do São José. Quando a gente ficou sabendo que São José estava ganhando de 4 a 1, ali já bateu o desanimo. Ficamos tristes e meio que esquecemos do jogo das Leoas, porque elas também estavam perdendo para o Pato Branco de 2 a 1. Estávamos no vestiário e de repente a Zanny, que é fiscal de arbitragem, grita e diz, Leoas empatou, acabou o jogo e vocês estão classificadas. Primeiro foi tipo um choque e depois muita felicidade, foi uma sensação única”, lembra Bruninha.
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Confira a entrevista completa com Bruninha no Papo Sem Retranca dessa semana:
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Quis o destino que Leoas da Serra e Unidep/Pato Branco, justamente os dois clubes que a SERC/UCDB enfrentou e somou pontos fundamentais para manter vivas as chances de classificação, “morressem abraçados” com um empate improvável das Leoas no “apagar das luzes” que eliminou o oponente, mas não foi o suficiente para a classificação da própria equipe catarinense.
“No momento em que a gente estava triste e desanimado, foi muito rápido para alegria da classificação. Para as pessoas verem o valor que tem o nosso estado, a força que tem o nosso futsal, porque só temos atletas que moram aqui (em Campo Grande) e estamos entre os oito melhores do Brasil. Só quem vive, para poder descrever, porque com palavras é muito difícil. É mais do que uma vitória, é mais que um título”, comemora Bruninha.
Natural de Campo Grande, Bruninha tem 32 anos e há mais de uma década defende as cores da SERC/UCDB, sendo considerada uma jogadora-chave no esquema do técnico Nando. A fixa é sinônimo de talento, raça e acima de tudo espírito de liderança, fruto de um comprometimento de quem se dedica ao esporte desde os 10 anos de idade. Contente com a evolução do futsal feminino de MS, Bruninha lamenta a falta de apoio para o futsal feminino do MS.
“O que falta para o MS chegar (mais longe) eu acredito que é apoio. Um patrocínio forte que mantenha as meninas para que elas consigam viajar para que possam deixar os compromissos delas e estar na quadra conosco. A Aninha e a Dani, merecidíssimo, foram em busca dos sonhos delas (na Espanha) e se você ver, o Operário chegou nos dois anos anteriores e agora nós chegamos (na semifinal da Copa do Brasil) e são duas potências do estado. Não é apenas um time que tem aqui, então tem competividade”, lembra Bruninha.
Capitã do time, a jogadora é uma das remanescentes de parte do elenco, que jogam juntas a quase 15 anos. Foi na base da superação que o grupo se uniu em prol de objetivos maiores, superando todos os obstáculos e enfrentando de frente diversas adversidades que aumentaram gradativamente com a perda irreparável, do ex-presidente da instituição, João Félix.
“Quando o Félix estava presente não tinha essa preocupação financeira e digamos burocrática. O Félix tomava conta, tinha a equipe dele, tinha o pessoal que ajudava ele, fazia toda essa ‘correria’, então, a gente não tinha essa preocupação, nem financeiramente, porque ele corria atrás, buscava patrocínio e acreditamos que ele tirava do bolso dele, porque amava o esporte. E a partir do falecimento dele, como o Nando falou, ficamos órfãos de pai e de mãe, porque a gente teve que abraçar a causa. O Nando teve que virar, Presidente, técnico, roupeiro, fisioterapeuta, tudo que você possa imaginar”, lembra Bruninha.
Com anos de experiência utilizando a camisa 4 tricolor, Bruninha nas horas vagas, também exerce a função de treinadora de futsal na Escola Municipal Irene Szukala em Campo Grande. Questionada sobre o que seria mais difícil, comandar o time dentro ou fora das quatro linhas, ela admite que a responsabilidade do técnico é muito maior.
“É uma outra experiência, uma outra vivencia, porque aí eu fico do outro lado né? Fico do lado de orientar, de ensinar, de mostrar o caminho. Ser treinadora a responsabilidade é maior, você está ali com crianças que tem sonhos, que tem objetivos. Eu dou aula no Aero Racho e você começa a trabalhar ali e você tem 30, 40 alunos e ás vezes você tem que fazer uma seleção, você tem que escolher, optar por um ou por outro e é uma parte bem difícil (de lhe dar)”, relata Bruninha.
Bruninha faz parte do time de guerreiras que além de se desdobrarem em quadra, não podem deixar de lado seus empregos, motivo pelo qual, foi necessário dividir o plantel para poder cumprir com a agenda de jogos da agremiação. “Nenhuma atleta ganha financeiramente na nossa equipe, todas jogam por amor, jogam porque gostam. Nós somos um time amador, todo mundo tem seus compromissos extra-quadra, tem seus empregos. E nesses dois últimos jogos que a gente fez fora (de casa) que encaminhou a nossa classificação para Liga contra Pato Branco e Leoas, nós fomos com sete atletas. Atualmente a gente tem 12 atletas, só que as demais não puderam ir (viajar) devido ao trabalho”, lembra Bruninha.
Apesar da empolgação da classificação épica para Mato Grosso do Sul na Liga, Bruninha, que vive a expectativa de jogar contra Taboão Magnus nos embates decisivos na Copa do Brasil e na LFF precisa virar a chave já na próxima sexta-feira (22) para a disputa a semifinal dos Jogos Abertos de Campo Grande. A “xerife” da defesa salesiana falou sobre a expectativa de atuar no mata-mata e disse como deve ser a preparação para as próximas competições.
“A expectativa é a melhor possível. É um time renomado (Taboão) que ganhou todos os títulos possíveis aqui no Brasil. Um time que tem a base tanto da Seleção Brasileira quanto Paraguaia e é o favorito. Mas acredito que se a gente voltar aos treinos com preparação física, estudar o time delas junto com o Nando e ver a melhor opção de marcação para gente jogar, eu acredito que nós podemos surpreender. Outubro vai ser um mês cheio de jogos, porque vamos ter que realizar os dois jogos da Copa do Brasil, os dois da Liga e mais o JUB´s (Jogos Universitários Brasileiros) e o Estadual (em novembro)”, finaliza Bruninha.